Cemitério Israelita atrai visitantes dos EUA

Em sete meses a Secretaria de Cultura já contabilizou mais de 300 visitas de turistas interessados em conhecer a história de mulheres judias
 
Desde a reabertura em junho do ano passado o Cemitério Israelita, que passou para a história como o “Cemitério das Polacas de Cubatão”, já recebeu mais de 300 visitas de várias regiões do país, inclusive grupos de turistas dos estados do Arizona e da Filadélfia, dos Estados Unidos da América do Norte (EUA). “São turistas particularmente interessados em conhecer a história e os mistérios das judias do leste europeu, atraídas por traficantes de mulheres entre o final do século XIX e início do XX com promessas de emprego e casamento. Acabaram se prostituindo no Porto de Santos”, explica o historiador Welington Borges, da Secretaria Municipal de Cultura.
Nesta segunda-feira (17), o historiador monitorou o grupo de quatro turistas vindo da Filadélfia (EUA) na visita ao Cemitério das Polacas – tombado em 2010 pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Cubatão (Condepac) e restaurado em 2019 pela Associação Cemitério Israelita de São Paulo Chevra Kadisha (“Zeladores do Túmulo”, traduzindo do iídiche), em convênio com a Prefeitura.
Monitoramento –  Com o crescente interesse nas visitas ao “Cemitério das Polacas”, a Secretaria de Cultura deve iniciar em breve um curso de formação para qualificar profissionais (preferencialmente turismólogos) para monitorar os turistas que, nos últimos sete meses, já somaram mais de 300. Welington justifica a necessidade de qualificar monitores devido ao acordo firmado entre a Prefeitura e a Associação Cemitério Israelita de permitir somente visitas monitoradas: “para evitar a ação de vândalos”, explica, além de compartilhar informações históricas ao público.
História –  Fundado por volta de 1924 na área onde hoje está localizada a Refinaria Presidente Bernardes para receber “as polacas” – como eram conhecidas as judias que vinham do leste europeu, trazidas por traficantes de mulheres nos fins do século XIX e início do XX, – o cemitério foi transferido para um terreno isolado ao lado do atual Cemitério Municipal de Cubatão. Entre os renegados pela comunidade judaica da época, além das 54 “polacas” estão enterrados também os corpos de 15 homens. O último sepultamento foi em 1966.
Lendas e mistérios sempre cercaram o cemitério escondido de olhares curiosos nas terras de Cubatão que, na época, pertencia ao município de Santos e era um local escassamente habitado. Aqui, em Cubatão, os “polacos” e “polacas” estariam mais escondidos da sociedade santista e, principalmente, preservando a imagem da comunidade judaica. “A questão não era racial e sim social”, adverte a professora (de Cubatão) e pesquisadora Evania Martins Alves.  Aqui, a comunidade judia podia sepultar seus renegados.
O jornalista Alberto Dines em seus estudos e traduções lembra que as “curves” (prostitutas em iídiche) eram consideradas impuras. Marginalizadas abriram seus próprios cemitérios, rezaram em sinagogas próprias e congregaram-se em sociedade de assistência mútua. E sintetizava: “Viveram e morreram judias. Mais do que esquecidas, expiaram. Abolidas, perpetuaram-se Eternas Polacas”.
Fotos: Divulgação 
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